"-... esse sujeito de quem estou falando trabalhava como domador de cavalos (...) parecia ter sido feito por encomenda para domar os potros; mas a verdade é que ele tinha outro ofício: o de 'provocador'. Era provocador de sonhos. Isso é que ele era realmente." Pedro Páramo, Juan Rulfo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Happy Christmas


U2 faz apresentação acústica de Happy Xmas (War is over)em entrevista de dezembro de 1988.

Tradução

Happy Xmas (War is Over) [Feliz Natal (A guerra acabou)]
(Composição: John Lennon e Yoko Ono)

Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então é natal
Espero que tenhas alegria
O proximo e querido
O velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é natal
Para o fraco e para o forte
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado
E então feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas

Um alegra Natal
E um feliz ano Novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é Natal
E o que você fez?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O proximo e querido
E velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
A guerra acabou , se você quiser
A guerra acabou agora

Feliz Natal.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Beijos em Cinema Paradiso


Quando eu dei aulas de alfabetização de adultos consegui que um especialista fosse até o centro de alfabetização dar uma palestra sobre sexualidade. O palestrante ficou surpreso ao ouvir uma aluna perguntar se um beijo dado com muita paixão poderia levar à gravidez. Essa idéia era muito comum nas áreas rurais e também nos centros urbanos a algumas décadas atrás. No caso das cidades as novelas e, em menor medida, o cinema deram sua contribuição. Isto por causa da censura, sistemática ou não, nas primeiras décadas do vídeo e do cinema que impedia a exibição de sexo ou de insinuação do ato sexual. Por isso era comum ver a cena de um casal se beijando e em seguida, numa outra tomada, aparecer a mulher grávida ou já com filhos. Como qualquer orientação na época era rara "ensinava-se", assim, que a conseqüência de um simples beijo poderia ser uma gravidez.

Na parte final do filme italiano Cinema Paradiso as cenas censuradas dos filmes de um cinema do interior da Itália aparecem editadas numa película única. Esta cena é, para mim, de todos os filmes que vi, uma das mais emocionantes e inesquecíveis. Não apenas pela beleza sensual, mas, principalmente, pela reverência à arte cinematográfica.


Cinema Paradiso de Giuseppe Tornatore. Itália, 1989.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Tá estressado? Vá dançar!!!


Cena do filme "Billy Elliot" de Stephen Daldry. Temática: escolhas e preconceito.

Ao som de "Town Called Malice" (Jam).

Better stop dreaming of the quiet life -
Cos its the one well never know
And quit running for that runaway bus -
Cos those rosey days are few
And - stop apologising for the things youve never done,
Cos time is short and life is cruel -
But its up to us to change
This town called malice.
Rows and rows of disused milk floats
Stand dying in the dairy yard
And a hundred lonely housewives clutch empty milk
Bottles to their hearts
Hanging out their old love letters on the line to dry
Its enough to make you stop believing when tears come
Fast and furious
In a town called malice.

Struggle after struggle - year after year
The atmospheres a fine blend of ice -
Im almost stone cold dead
In a town called malice.

A whole streets belief in sundays roast beef
Gets dashed against the co-op
To either cut down on beer or the kids new gear
Its a big decision in a town called malice.

The ghost of a steam train - echoes down my track
Its at the moment bound for nowhere -
Just going round and round
Playground kids and creaking swings -
Lost laughter in the breeze
I could go on for hours and I probably will -
But Id sooner put some joy back
In this town called malice.

Impermanência e Transitoriedade



Certa vez, uma pequena onda do oceano percebeu que ela não era igual às outras ondas e disse:

"Como sofro! Sou pequena, e vejo tantas ondas maiores e poderosas do que eu! Sou na verdade desprezível e feia, sem força e inútil..."

Mas outra onda do oceano lhe disse:

"Tu sofres porque não percebes a transitoriedade das formas, e não enxergas tua natureza original. Anseias egoísticamente por aquilo que não és, e mergulhas em auto-piedade!"

"Mas," replicou a pequena onda,"se não sou realmente uma pequena onda, o que sou?"

"Ser onda é temporário e relativo. Não és onda, és água!"

"Água? E o que é água?"

"Usar palavras para descrevê-la não vai levar-te à compreensão. Contemples a transitoriedade à tua volta, tenhas coragem de reconhecer esta transitoriedade em ti mesma. Tua essência é água, e quando finalmente vivenciares isso, deixarás de sofrer com tua egóica insatisfação..."

domingo, 16 de dezembro de 2007

Seleção de Educadores na Lumiar


A Lumiar está selecionando educadores para trabalhar no ensino fundamental. Para os interessados é imprescindível ler o texto de apresentação da seleção. Muitos dos meus alunos de graduação de história já sabem que trata-se de uma escola democrática, portanto com uma linha pedagógica radicalmente diferente da escola tal como conhecemos. A leitura do texto de apresentação é importante mesmo para aqueles que não estejam interessados na seleção mas que querem saber mais sobre educação democrática.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Maurice Bejart e o Bolero de Ravel



Eu nunca acompanhei o mundo da dança apesar de gostar e incentivar os alunos que enveredam ou gostam desta arte. De vez em quando assisto a um espetáculo, vou a uma apresentação de alunos, assisto a um filme relacionado ou saio para (tentar) dançar. Mas teve uma apresentação pela televisão de balé moderno, há um bom tempo atrás, que jamais esqueci. Em 1989, nas comemorações do bicentenário da Revolução Francesa, vi o argentino Jorge Donn dançar ao som do Bolero de Ravel. Como muita gente acho o Bolero de Ravel demais em termos de grandiosidade. A sequência rítmica, como um mantra, aumentando de volume aos poucos com a introdução de novos timbres instrumentais e que leva a um estado de êxtase. Ver o Bolero dançado, para mim pela primeira vez, foi então fantástico! Tempos depois eu quis saber quem era o coreógrafo da obra. Seu nome: Maurice Bejart (foto) que faleceu no último dia 22.



A origem do Bolero provém de um pedido da dançarina Ida Rubinstein, que encomendou a Ravel a criação de um balé a caráter espanhol. Forma uma obra singular, que Ravel considerava como um simples estudo de orquestração. A sua imensa popularidade tende a secundarizar a amplitude da sua originalidade e os verdadeiros objectivos do seu autor, que passavam por um exercício de composição privilegiando a dinâmica em que se pretendia uma redefinição e reinvenção dos movimentos de dança. O próprio Ravel ficou surpreendido com a divulgação e popularidade da obra. Por brincadeira a peça é por vezes chamada de "o mais longo crescendo do mundo". Fonte: wikipedia.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Blake



Night

"The sun descending in the West,
The evening star does shine;
The birds are silent in their nest,
And I must seek for mine.
The moon, like a flower
In heaven's high bower,
With silent delight,
Sits and smiles on the night."


William Blake

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Bergman

Ingmar Bergman (14 de julho de 1918 a 30 de julho de 2007)

Um dos vários medos de Bergman - a morte - e uma questão vital - a existência de Deus.


"O sétimo selo" de 1956 com Max von Sydow.
Um Cavaleiro e seu Escudeiro voltam das Cruzadas. O país está assolado pela peste. Eles se encontram com a Morte e o Cavaleiro faz um trato com ela: enquanto conseguir contê-la numa partida de xadrez, sua vida será poupada.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Laços

Curta vencedor do Project Direct do Youtube é brasileiro

O Project Direct é um festival criado pelo Youtube para revelar artistas a partir do próprio site. A vencedora é uma brasileira chamada Clarice Falcão de apenas 18 anos. Com apenas R$ 1500 fez o vídeo abaixo intitulado Laços. Ela coordenou a produção e atua no filme. Seu trabalho será exibido no Sundance Festival nos Estados Unidos. Foi ela quem compôs e canta a música de abertura chamada "Australia" que é bem legal. A letra segue mais abaixo.



Australia

I could go to Australia
I could fly to Japan
Could go to South America
Well, everybody can

Could run like hell to China
I could go to Egypt
Could run like a late rabbit and I wouldn’t move one bit

I’m stuck here in the darkness
Blinded by all the light
Standing outside my body with my body still in sight

I could travel the whole world
I could just stand up still
And that’s, I know, an image that would make some people ill

Someday somebody said to me
I think it was a man
“As long as you’re okay with it”
And that I think I am.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sobre o rolex: Huck x Ferrez x Azevedo x Baleiro

As idéias e exposições na mídia a respeito do assalto ao apresentador de televisão Luciano Huck gerou uma polêmica que foi levada às salas de aulas. Os alunos pediram os textos que na mídia escrita estimularam o debate.
Coloco abaixo alguns sites onde se encontram os artigos que discuti com os alunos. Clique no link que está nos sobrenomes dos debatedores para ter acesso aos seus respectivos textos.

O texto de origem à polêmica é de autoria do assaltado Luciano Huck.

A voz da periferia, o escritor e rapper Ferrez fez a versão ficcional do ponto de vista dos assaltantes.

Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, entrou no debate expondo a opinião da direita e fez severa crítica ao que ele chamou de apologia do crime de Ferrez.

O cantor e compositor Zeca Baleiro expõe mais detalhadamente sua opinião após crítica que fez à Huck e critica, veementemente, o colunista da Veja.

O colunista da Veja, Reinaldo Azevedo, rebate crítica usando argumentos primários no seu blog. (postagem do dia 28 de outubro às 14 h e 08 min.)

"Professor ensina, o educador aprende"



"Não adianta querer que os meninos aprendam história se eu não consigo aprender a história da vida deles."

"Ela (a escola formal) serve para escolarizar."

"Uma coisa é falar em educação, outra é falar em escolarização. A maioria das pessoas que estão cometendo grandes crimes são pessoas escolarizadas. Então, que escola é essa? Para que ela serviu? Não ajudou nada, mas escolarizou."

"... (a) escola continua sendo branca, cristã, elitista, excludente, seletiva, conformada. Ela seleciona conteúdos, seleciona pessoas, mas não educa."

"A escola formal não está só na forma. Ela está dentro da fôrma. O pior é quando ela está dentro do formol. É um cadáver. O conteúdo da escola está pronto e acabado. Os meninos que vão entrar na escola no ano que vem, independentemente de quem sejam, aprenderão as mesmas coisas, do mesmo jeito. Aprendem o que alguém determinou que tem que ser aprendido."

"a escola ideal deve ser tão boa que professores e alunos desejem aulas aos sábados, domingos e feriados. Hoje, temos exatamente o contrário."

"O nosso verbo é o "paulofreirar", que só se conjuga no presente do indicativo: eu "paulofreiro", tu "paulofreiras" e por aí vai. Não existe "paulofreiraria", "paulofreirarei". Ou faz agora ou sai da moita. Ação e reflexão, agora."

As idéias acima são de Tião Rocha, educador mineiro que levou ao sertão de sua terra uma maneira lúdica e prazerosa de aprender e ensinar. E óbviamente que isto não poderia ser na escola. Ele criou o CPCD ou Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento que promove educação popular e desenvolvimento comunitário. Para ter acesso à entrevista completa do Jornal Folha de São Paulo clique aqui.

"Pedagogias do CPCD - Pedagogia da Roda – As conversas são feitas em uma roda, de modo que todo mundo possa se ver. As decisões são tomadas sempre por consenso, nunca por votação. Nenhuma proposta feita na roda é descartada. O objetivo é jamais excluir pessoas ou idéias."

Portanto as decisões não são por vias democráticas. Se quiser saber o porquê e mais sobre as diferentes formas de pedagogia do CPDC clique aqui.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Cumulus Nimbus

Certa vez explicando os diferentes tipos de chuva acabei por falar dos diferentes tipos de nuvens. E ao comentar das chuvas de convecção falei das nuvens cumulus nimbus. Acrescentei que esta era minha nuvem favorita. Logo um aluno comentou: "Como alguém pode ter uma nuvem favorita?" Pois então: eu tenho!

As cumulus nimbus se diferenciam de todas as outras nuvens pela sua forma e por sua formação. Típicas dos climas quentes elas aparecem sobretudo no verão. Crescem verticalmente e chegam a grandes altitudes. Elas podem se formar sozinhas a partir das nuvens cumulus. Geralmente são causadoras de fortes tempestades.
Seu comportamento lembra as emoções humanas: aparecem singelamente numa bela manhã ensolarada, tomam forma magnífica, se transformam, ficam imponentes, mudam de cor, relampejam, e em descargas bravias fazem chover torrencialmente... dão medo... depois se acalmam.
Sua forma lembra uma divindade: assumem um lugar especial nos céus, as demais nuvens lhe são pequenas, dominam os ares com magnitude. Como deuses podem embelezar tardes quentes ou desferir rajadas de raios.

Fica bem nítida a formação da cumulus nimbus no meio do vídeo (aprox. dos 22' aos 16')crescendo em forma de cogumelo.

Estas nuvens são responsáveis por aquela experiência que muita gente passa quando está viajando: você está na estrada e de repente você entra numa chuva e, assim como entrou, logo sai. No interior de São Paulo também é comum avistarmos, principalmente no verão, aquelas cortinas de chuva que se deslocam no horizonte causadas também por cumulus nimbus.

Neste vídeo feito a partir de um avião dá para ver o que acontece dentro da nuvem.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Whole Wide World

Cena do filme "Mais estranho que a ficcção" dirigido por Marc Foster.

Atores: Will Ferrell (Harold Crick) e Maggie Gyllenhaal (Ana Pascal)

Whole wide World
Wreckless Eric

When I was a young boy
My mama said to me
There's only one girl in the world for you
And she probably lives in Tahiti

I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Just to find her

Or maybe she's in the Bahamas
Where the Carribean sea is blue
Weeping in a tropical moonlit night
Because nobody's told her 'bout you

I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Just to find her
I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Find out where they hide her

Why am I hanging around in the rain out here
Trying to pick up a girl
Why are my eyes filling up with these lonely tears
When there're girls all over the world

Is she lying on a tropical beach somewhere
Underneath the tropical sun
Pining away in a heatwave there
Hoping that I won't be long

I should be lying on that sun-soaked beach with her
Caressing her warm brown skin
And then in a year or maybe not quite
We'll be sharing the same next of kin

I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Just to find her
I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Find out where they hide her

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Escutem o silêncio! IV

"Porque é que falas tanto?
Cala-te.... quero ouvir-te!!!"


"o teu silêncio, oh Deus, altera por completo os espaços!" J.T.M.

http://sophiarui.blogspot.com

Caramujo

"Em casa de caramujo até o sol encarde." Manoel de Barros


"Caramujo" Ilustração de Patrícia Maria Woll

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Escutem o silêncio! III

“Silêncio! Não é a toa que se faz um minuto de silêncio. Os momentos fundamentais de nossas vidas exigem o silêncio, o mais profundo dos sons. O silêncio antes do aplauso, ao fim de uma sinfonia; o silêncio frente à tragédia. O que não tem nome, melhor se captura com o silêncio. Difícil de suportar, mas necessário”.
Jorge Forbes, Revista da Folha, 22 de julho de 2007.


Enjoy the silence Depeche Mode

Buscar o silêncio onde quer que ele esteja. Encontrar esta riqueza é se encontrar. É conquistar, dominar e reinar sobre o território que é si próprio.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Escutem o silêncio! II

O silêncio

Arnaldo Antunes
Composição: Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes

antes de existir computador existia tevê
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Rostropovich

Mstislav Rostropovich (27 de março de 1927 a 27 de abril de 2007).



Prelúdio da Suíte no. 1 para Violoncelo de Bach.
Catedral de Vézelay.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Escutem o silêncio!

Quando o barulho está muito alto em sala de aula peço para que os alunos escutem o silêncio. A reação é rápida e esperada: rostos desconcertados e surpresos. Aí alguém se manifesta: “Não é possível escutar o silêncio!”

Se buscamos o menor barulho, ruído ou som e entendemos isto como silêncio é possível escutá-lo. O difícil é achá-lo ou produzi-lo.
É conhecida, na história da matemática, a dificuldade de diferentes culturas da descoberta e a aceitação do zero. O zero como representação do nada, do não existir chegou inclusive a ser visto como alusão ao mal, ao diabo etc. Como seria possível o nada representado pelo zero? Então como seria possível escutar a ausência, o nada?
Da mesma maneira como lidamos com o zero. Percebendo a possibilidade de existir (neste caso através do sentido da audição) a ausência, o nada. Mesmo que não exista silêncio absoluto (assunto para outro post).
Neste sentido é interessante a peça (conceitual) orquestrada por John Cage chamada 4’33” . O nome da peça se deve ao fato de ser o tempo de silêncio para concretizá-la. A peça é dividida em 3 movimentos. Confira (tenha paciência), aprecie e escute o silêncio:



John Cage foi um músico e compositor experimental. Ele foi influenciado pelo zen budismo e buscou colocar esta influência na música.

Curiosidade: a peça 4'33" ou "4 minutos e 33 segundos" dá o total de 273 segundos.
– 273 é o zero absoluto de temperatura na escala Celsius.

domingo, 2 de setembro de 2007

A pérola de um Gênio

Lembraram-me da 9a. Sinfonia e lembrei-me do post da "Pérola" e desta cena de "Minha Amada Imortal" em que o jovem Beethoven aparece fugindo de casa, do pai e refugia-se num lago que reflete a lua e as estrelas. Assim, com a 9a. ao fundo (e Beethoven aparece já velho acompanhando a sinfonia) ele se junta aos astros no céu.

O pai alcoólatra que o batia, a surdez (!!!), a decepção com Napoleão, um amor não correspondido(?)...



A cena em si é uma pérola do diretor e roteirista Bernard Rose. Faltou o final em que a constelação que termina esta cena está no teto da abóbada do teatro onde Beethoven está apresentando pela 1a. vez a 9a. Sinfonia. Quando termina a apresentação ele continua de frente para a orquestra e alguém o cutuca para virar porque às suas costas a platéia está de pé, aplaudindo em êxtase e ele não percebe por causa da sua surdez. Quando se vira ele chora. Gênial!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Yin e Yang



"Ao entardecer, o galo anuncia a madrugada;
À meia-noite, o sol brilhante."

Poema Zen

Pérola




"Toda pérola esconde uma dor no fundo da sua beleza. Ostra feliz não faz pérola. Ostra que faz uma pérola é ostra que sofre. Porque a pérola, lisa esfera sem arestas, a ostra a produz para deixar de sofrer, para se livrar da dor das arestas de um grão de areia que se aninhou dentro dela. Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos."

Rubem Alves

Quem não tem algum grão de areia?

Haveria arte se não houvesse sofrimento?

domingo, 19 de agosto de 2007

Ressurreição e Renascimento

Para ressuscitar é necessário morrer primeiro. Para renascer basta estar vivo fisicamente. Renascimentos podem ocorrer várias vezes em nossas vidas. Basta ocorrer algo que quase nos leve à morte ou que nos faça encarar a vida e o mundo de modo muito diferente do que estávamos acostumados. A nova forma como encaramos o mundo nos faz sentir que é uma outra vida e que, portanto, se trata de um nascer. No mais, se a mudança foi muito brusca e repentina podemos encarar o encerramento de nosso antigo modo de viver como morte. Talvez uma morte psicológica, se isto for possível. Há, portanto, quem morra várias vezes numa mesma vida. E há quem renasça ao descobrir que a morte física é um novo nascer.



"Return to innocence" - Enigma

Love - devotion
Feeling - emotion
.
Dont be afraid to be weak
Dont be too proud to be strong
Just look into your heart my friend
That will be the return to yourself
The return to innocence
.
If you want, then start to laugh
If you must, then start to cry
Be yourself dont hide
Just believe in destiny
.
Dont care what people say
Just follow your own way
Dont give up and use the chance
To return to innocence
.
Thats not the beginning of the end
Thats the return to yourself
The return to innocence
.
Dont care what people say
Follow just your own way
Follow just your own way
Dont give up, dont give up
To return, to return to innocence.
If you want then laugh
If you must then cry
Be yourself dont hide
Just believe in destiny.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Aquecimento Global

Notas sobre o aquecimento global ou para que o estardalhaço (necessário, mas, talvez, tardio) não crie mais confusão:
1) O aumento da temperatura global é médio. Portanto, assim como haverá regiões onde as temperaturas se elevarão significativamente, e outras onde não se notará tal elevação, as conseqüências climáticas se distribuirão desigualmente sobre o globo terrestre.
2) Mudanças climáticas ocorrem e ocorrerão não apenas pelo aumento da temperatura, mas também devido a outras intervenções humanas em escala local e regional. Nem tudo se deve, somente, ao aquecimento global. Assim como o avanço do mar no litoral se deve também à erosão e à ocupação desordenada das áreas costeiras.
3) A elevação do nível do mar se dará lentamente. Portanto a perda de vidas humanas, se acontecer, será pequena enquanto que as conseqüências econômicas serão catastróficas e incalculáveis.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Publicidade, poluição e sensibilidade

Neste início de ano em São Paulo foi travada uma discussão, entre prefeitura e o setor de publicidade, a respeito da nova lei municipal que restringe toda propaganda externa. Isto significa que estão proibidos outdoors, painéis eletrônicos, banners, faixas etc. no município de São Paulo.
Votada na câmara municipal a lei só teve um voto contrário: do vereador Dalton Silvano (PSDB) que foi diretor do Sindicato dos Publicitários do Estado de São Paulo na década de 80. Ele alega, entre outras coisas, que "uma cidade sem publicidade é uma cidade fria".
São Paulo sem publicidade externa não significa que terá a paisagem árida das cidades do leste europeu durante a Guerra Fria. Como gostam de mostrar filmes hollywoodianos típicos do período: uma paisagem monótona, como se só a publicidade e o capitalismo fossem capazes de injetar vida e calor numa cidade. Talvez seja isto que o vereador pense.
Além desta lei, há um outro projeto também em execução ainda referente à poluição visual da cidade: a obrigatoriedade de tornar subterrâneo toda a fiação e cabeamento. Se a lei for levada à risca quem sabe teremos, daqui a algum tempo, uma cidade livre do emaranhado de fios que já fazem parte da paisagem paulistana.
A poluição visual proporcionada pela publicidade, comunicação visual, fiação e outros na cidade de São Paulo é violenta. E, como nos acostumamos à violência também nos acostumamos à poluição. Precisamos reeducar nossa sensibilidade ao que vemos, cheiramos, ouvimos etc. Para quem trabalha e vive na 25 de março os outdoors e o barulho dos automóveis das principais avenidas podem não significar muita coisa. Mas quem mora em bairros com uma legislação mais restritiva quanto à poluição (é o caso dos bairros elitistas do Pacaembu e Jardins) deve saber que há uma grande diferença.

***

A questão da poluição e como estamos acostumados à ela remetem a trechos da carta do chefe Seattle aos presidente dos EUA quando este último se propôs a comprar as terras indígenas. Detalhe: a carta é de 1855 e já mostra o índio preocupado com aquilo que poucos homens brancos se preocupavam naquela época: poluição visual, sonora e olfativa. Alguns trechos da carta:

"Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição, ele é insensível ao mau cheiro." (...)
"Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.". (...)
"Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos como será no dia em que o último búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueada por fios falantes. Onde está o matagal? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o fim do vida e o início da sobrevivência".

Nada mais atual. Eu não posso deixar de fazer a pergunta batida e óbvia: quem é o selvagem?
Cada frase da resposta do Chefe Seattle ao presidente dos EUA daria um post a parte. Há várias versões, de acordo com as traduções realizadas, da carta. É possível encontrar duas delas clicando aqui.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

James Brown


A morte de James Brown me fez lembrar da minha infância nos anos 70. Naquela época era comum os vizinhos tocarem black e disco music, uma mistura das modas black power (que aqui no Brasil não teve a conotação política do movimento nos EUA) e discoteque. Ouvi muito James Brown, Marvin Gaye, Stevie Wonder e Ray Charles nas tardes de sábado e domingo enquanto brincava pelo quintal ou mesmo quando estava em casa. O som era alto e, muitas vezes, algumas canções eram tocadas, em velhas vitrolas, à exaustão.
James Brown já era uma referência. Canções como "I got you (I fell good)" e ""Get Up (I Feel Like Being A Sex Machine)" já eram hinos da irreverência e "Say it loud - I'm black and I'm proud" (tradução: "Diga alto: sou negro e tenho orgulho disto") era a senha para que a cultura negra se assumisse como tal.
Mas a lembrança mais marcante que tenho do Pai do Soul é a do filme "The Blues Brothers" (que aqui no Brasil ficou "Os irmãos cara-de-pau") no qual ele interpreta um pastor durante um culto. A cena* é engraçada e, ao mesmo tempo, didática sobre a origem da soul music que nasceu das canções gospel nos EUA. Quem conhece a história não se surpreendeu ao ver, pela televisão, no seu velório sua banda cantando sobre seu caixão aberto. Nada mais justo.