"-... esse sujeito de quem estou falando trabalhava como domador de cavalos (...) parecia ter sido feito por encomenda para domar os potros; mas a verdade é que ele tinha outro ofício: o de 'provocador'. Era provocador de sonhos. Isso é que ele era realmente." Pedro Páramo, Juan Rulfo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Cumulus Nimbus

Certa vez explicando os diferentes tipos de chuva acabei por falar dos diferentes tipos de nuvens. E ao comentar das chuvas de convecção falei das nuvens cumulus nimbus. Acrescentei que esta era minha nuvem favorita. Logo um aluno comentou: "Como alguém pode ter uma nuvem favorita?" Pois então: eu tenho!

As cumulus nimbus se diferenciam de todas as outras nuvens pela sua forma e por sua formação. Típicas dos climas quentes elas aparecem sobretudo no verão. Crescem verticalmente e chegam a grandes altitudes. Elas podem se formar sozinhas a partir das nuvens cumulus. Geralmente são causadoras de fortes tempestades.
Seu comportamento lembra as emoções humanas: aparecem singelamente numa bela manhã ensolarada, tomam forma magnífica, se transformam, ficam imponentes, mudam de cor, relampejam, e em descargas bravias fazem chover torrencialmente... dão medo... depois se acalmam.
Sua forma lembra uma divindade: assumem um lugar especial nos céus, as demais nuvens lhe são pequenas, dominam os ares com magnitude. Como deuses podem embelezar tardes quentes ou desferir rajadas de raios.

Fica bem nítida a formação da cumulus nimbus no meio do vídeo (aprox. dos 22' aos 16')crescendo em forma de cogumelo.

Estas nuvens são responsáveis por aquela experiência que muita gente passa quando está viajando: você está na estrada e de repente você entra numa chuva e, assim como entrou, logo sai. No interior de São Paulo também é comum avistarmos, principalmente no verão, aquelas cortinas de chuva que se deslocam no horizonte causadas também por cumulus nimbus.

Neste vídeo feito a partir de um avião dá para ver o que acontece dentro da nuvem.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Whole Wide World

Cena do filme "Mais estranho que a ficcção" dirigido por Marc Foster.

Atores: Will Ferrell (Harold Crick) e Maggie Gyllenhaal (Ana Pascal)

Whole wide World
Wreckless Eric

When I was a young boy
My mama said to me
There's only one girl in the world for you
And she probably lives in Tahiti

I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Just to find her

Or maybe she's in the Bahamas
Where the Carribean sea is blue
Weeping in a tropical moonlit night
Because nobody's told her 'bout you

I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Just to find her
I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Find out where they hide her

Why am I hanging around in the rain out here
Trying to pick up a girl
Why are my eyes filling up with these lonely tears
When there're girls all over the world

Is she lying on a tropical beach somewhere
Underneath the tropical sun
Pining away in a heatwave there
Hoping that I won't be long

I should be lying on that sun-soaked beach with her
Caressing her warm brown skin
And then in a year or maybe not quite
We'll be sharing the same next of kin

I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Just to find her
I'd go the whole wide world
I'd go the whole wide world
Find out where they hide her

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Escutem o silêncio! IV

"Porque é que falas tanto?
Cala-te.... quero ouvir-te!!!"


"o teu silêncio, oh Deus, altera por completo os espaços!" J.T.M.

http://sophiarui.blogspot.com

Caramujo

"Em casa de caramujo até o sol encarde." Manoel de Barros


"Caramujo" Ilustração de Patrícia Maria Woll

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Escutem o silêncio! III

“Silêncio! Não é a toa que se faz um minuto de silêncio. Os momentos fundamentais de nossas vidas exigem o silêncio, o mais profundo dos sons. O silêncio antes do aplauso, ao fim de uma sinfonia; o silêncio frente à tragédia. O que não tem nome, melhor se captura com o silêncio. Difícil de suportar, mas necessário”.
Jorge Forbes, Revista da Folha, 22 de julho de 2007.


Enjoy the silence Depeche Mode

Buscar o silêncio onde quer que ele esteja. Encontrar esta riqueza é se encontrar. É conquistar, dominar e reinar sobre o território que é si próprio.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Escutem o silêncio! II

O silêncio

Arnaldo Antunes
Composição: Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes

antes de existir computador existia tevê
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Rostropovich

Mstislav Rostropovich (27 de março de 1927 a 27 de abril de 2007).



Prelúdio da Suíte no. 1 para Violoncelo de Bach.
Catedral de Vézelay.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Escutem o silêncio!

Quando o barulho está muito alto em sala de aula peço para que os alunos escutem o silêncio. A reação é rápida e esperada: rostos desconcertados e surpresos. Aí alguém se manifesta: “Não é possível escutar o silêncio!”

Se buscamos o menor barulho, ruído ou som e entendemos isto como silêncio é possível escutá-lo. O difícil é achá-lo ou produzi-lo.
É conhecida, na história da matemática, a dificuldade de diferentes culturas da descoberta e a aceitação do zero. O zero como representação do nada, do não existir chegou inclusive a ser visto como alusão ao mal, ao diabo etc. Como seria possível o nada representado pelo zero? Então como seria possível escutar a ausência, o nada?
Da mesma maneira como lidamos com o zero. Percebendo a possibilidade de existir (neste caso através do sentido da audição) a ausência, o nada. Mesmo que não exista silêncio absoluto (assunto para outro post).
Neste sentido é interessante a peça (conceitual) orquestrada por John Cage chamada 4’33” . O nome da peça se deve ao fato de ser o tempo de silêncio para concretizá-la. A peça é dividida em 3 movimentos. Confira (tenha paciência), aprecie e escute o silêncio:



John Cage foi um músico e compositor experimental. Ele foi influenciado pelo zen budismo e buscou colocar esta influência na música.

Curiosidade: a peça 4'33" ou "4 minutos e 33 segundos" dá o total de 273 segundos.
– 273 é o zero absoluto de temperatura na escala Celsius.

domingo, 2 de setembro de 2007

A pérola de um Gênio

Lembraram-me da 9a. Sinfonia e lembrei-me do post da "Pérola" e desta cena de "Minha Amada Imortal" em que o jovem Beethoven aparece fugindo de casa, do pai e refugia-se num lago que reflete a lua e as estrelas. Assim, com a 9a. ao fundo (e Beethoven aparece já velho acompanhando a sinfonia) ele se junta aos astros no céu.

O pai alcoólatra que o batia, a surdez (!!!), a decepção com Napoleão, um amor não correspondido(?)...



A cena em si é uma pérola do diretor e roteirista Bernard Rose. Faltou o final em que a constelação que termina esta cena está no teto da abóbada do teatro onde Beethoven está apresentando pela 1a. vez a 9a. Sinfonia. Quando termina a apresentação ele continua de frente para a orquestra e alguém o cutuca para virar porque às suas costas a platéia está de pé, aplaudindo em êxtase e ele não percebe por causa da sua surdez. Quando se vira ele chora. Gênial!