"-... esse sujeito de quem estou falando trabalhava como domador de cavalos (...) parecia ter sido feito por encomenda para domar os potros; mas a verdade é que ele tinha outro ofício: o de 'provocador'. Era provocador de sonhos. Isso é que ele era realmente." Pedro Páramo, Juan Rulfo.

domingo, 29 de março de 2009

Treinamento da Plena Consciência II


Segundo Treinamento
Consciente do sofrimento causado pela exploração, pela injustiça social, pelo roubo e pela opressão, eu me comprometo a cultivar a bondade amorosa e a aprender maneiras de trabalhar pelo bem estar das pessoas, animais plantas e minerais. Praticarei a generosidade, compartilhando meu tempo, minha energia e meus recursos materiais com aqueles que realmente precisam. Estou determinado a não roubar e a não me apossar de nada que pertença, porventura, a outros. Respeitarei a propriedade alheia, mas impedirei que outros lucrem com o sofrimento humano ou com o sofrimento de outras espécies sobre a terra.

Thich Nhat Hanh

sábado, 28 de março de 2009

Na Natureza Selvagem



"Logo após acabar o curso na Universidade de Atlanta, em 1990, Christopher McCandless doou os seus 24 mil dólares que tinha no saldo bancário a instituições de caridade e desapareceu sem avisar a família. Já não era a primeira vez que Chris decidia fazer uma viagem pelos vários estados americanos, sozinho, dependendo da natureza e do que encontrava no caminho. Mas daquela vez foi diferente. A sua raiva quanto à civilização em que vivia, quanto às mentalidades e materialismos da época, foi fundamental para a sua tomada de decisão. A partir daquele dia, nunca mais regressou a casa." wiki

sábado, 7 de março de 2009

Eric e Renan


Nando Reis "Mantra"

Eric e Renan nasceram no último dia 2 às 23h41 e 23h44 respectivamente. Nasceram sob o signo de peixes dos introspectivos, sensíveis e espiritualizados. Nasceram no fim da lua nova e quase lua crescente. Nasceram numa noite quente do fim de verão quando as águas de março vão fechando esta estação.
Durante o parto os médicos deixaram um rádio ligado e no tempo entre o nascimento de um e outro tocava a canção "Mantra" de Nando Reis.
Sejam Bem Vindos!



"Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração… Acordará

Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência… Adormecerá

E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar, no mesmo quintal
Da alma ao corpo material

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando não se tem mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for, livre do temor

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá, para dar amor

Amor dará e receberá
Do ar, pulmão; da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão do tempo espiral

E quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração… Acordará

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Nitai Gauranga Jaya Gaura Hare

Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência… Adormecerá

E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar, no mesmo quintal
Da alma ao corpo material

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Nitai Gauranga Jaya Gaura Hare

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá, para dar amor
Amor dará e receberá
Do ar, pulmão; da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão do tempo espiral

Amor dará e receberá
Do braço, mão; da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte o seu guia natal

Haraie nama krsna, yadavaya nama há
Yadavaya madhavaya Krsna vaya nama há
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare

Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare

Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Adeus dor

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare

Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

domingo, 1 de março de 2009

Crianças e cachorros



A volta de Rabisco
por Alcino Leite Neto

Tudo aconteceu em 1966, um ano muito agitado, o mesmo em que Mao Tse-tung começou a Revolução Cultural, militares tomaram o poder na Argentina, a guerra no Vietnã se agravou, Lennon disse que os Beatles eram mais populares que Jesus, o Brasil jogou uma das suas piores Copas do Mundo e estreou na TV o primeiro capítulo de "Jornada nas Estrelas".

Para mim, que tinha sete anos, foi apenas o ano em que travei amizade com Rabisco, um boxer mestiço muito sombrio e mal-encarado, de pelo marrom encardido, que tinha sido levado para minha casa a fim de servir de vigia noturno e caçador dos gatos vira-latas que alcovitavam à noite no quintal, com seus gritos dissonantes.

O cão é o melhor amigo da criança -se os adultos não entram no meio da relação. Rabisco e eu éramos unha e carne. Mas, pouco a pouco, talvez por ciúmes, meus pais cismaram que ele andava mais entusiasmado com minhas brincadeiras do que com seu trabalho de vigilante.

Deram de achá-lo manso demais, relapso e preguiçoso, quando não uma ameaça à higiene familiar e à minha saúde, com seus maus modos de penetrar pela casa sem limpar as patas e despejar pelos cantos a baba sanguinolenta (porque, naquele tempo, os cães comiam os restos de carne, esfregavam os focinhos em lavagens e não tinham estas regalias de donzelas que têm os animais de hoje).

Eu mesmo não percebia as ameaças sanitárias e me emporcalhava ao seu lado, de igual para igual. Éramos dois bons selvagens, com a diferença de que eu frequentava o grupo escolar.

Uma bela tarde, Rabisco sumiu de minha casa. Tinha sido levado às escondidas por meu pai, de caminhonete, para uma chácara distante da cidade, um lugar onde ele nunca estivera. Meus berros de tristeza não valeram de nada e ainda me renderam algumas palmadas.

Foram dias terríveis de solidão para mim. Eu trocaria, facilmente, meus pais pelo cão e ainda entregaria, de lambuja, minha caixa de bolas de gude.

Dias depois, à noitinha, quando estávamos jantando (ainda não havia o ruído onipresente da TV), ouvimos umas batidas estranhas na porta da frente. Era Rabisco, que arranhava a pata na madeira, pedindo para entrar. O boxer rebelde tinha fugido da chácara, farejado o seu retorno por mais de dez quilômetros e pela cidade inteira, até reencontrar, sozinho, no escuro, a casa onde vivera.

Eu pulei de alegria sobre o cão, e ele sobre mim, enquanto meus pais debatiam, aturdidos, esse retorno inexplicável. Impressionados com o enigma e com tamanha prova de devoção, eles autorizaram Rabisco a voltar para o quintal, onde ele morou até ser atingido por uns vermes malignos e morrer, em 1971 -este ano chatíssimo, que nem vale a pena lembrar.

Revista da Folha, 1o. de março de 2009, p. 48.